Isabel Pereira Rosa
17/06/2020 01:44
Os teus lábios sabiam a maçãs e a princípio do mundo
quando mais nada havia;
sabiam a poção de algas
quando um barco era o único abrigo;
sabiam a fruta de inverno em agosto,
e em dezembro, a uvas e a figos.
Os teus lábios foram todos os frutos que tive e desejei,
que colhi das árvores ainda verdes ou maduros demais,
que sorvi em sorrisos ou dolorosamente,
até se tornarem lâminas, armadilhas,
guilhotinas fatais.