José Rodrigues Dias
20/12/2014 23:02

O nu, o belo e a luz do tempo
É sobre o coração
no peito feminino aberto
que a luz maior discreta incide
e reside,
seio guardião de amor puro,
em ti, uma Eva,
mulher nua…
No resto de ti descoberto,
o rosto fugido,
ainda que sentido um todo deliciosamente belo
e puro como cheiro de maçã madura e sã
colhida em tempo seco de verão,
no resto são aparências apenas de uma espécie de luz
porque logo fugidias e logo são sombras
e mesmo essa espécie de luz
por fim se queda
dos dias cansada
e quase nada
do perfume que era
resiste…
Espera,
se ainda não viste
nenhum descoberto coberto
ou pensas que não
como o outro
em que só era o que era visto,
e verás
no teu próprio espelho,
se ver ainda ousares,
o que serás,
o que será
para lá daquela luz maior
que no seio viste
e vês
que resiste,
guardado em templo sagrado,
o resto,
ainda que ali deliciosamente belo
como cheiro de maçã madura e sã
colhida em tempo seco de verão,
aqui quase nada,
deformado…