José Rodrigues Dias
05/12/2015 23:58

O jardim e a romã
Estica os olhos pelos verdes do jardim
e estende-os para longe, lá muito longe,
mesmo se com as folhas secas caídas
os verdes do tempo tenham já outra cor...
Eu sei,
os livros também nos cansam
e a luz da cidade também fere,
eu sei...
E sei que, por vezes,
a coisa não nos larga
nem já nos deixa sós
nem se nós a dormir...
Levanta-te, então,
e vai ao teu jardim
(todos temos o nosso jardim
mesmo que só dentro de nós)
e respira fundo, o peito aberto,
e estica nele teus olhos, longe,
e, tu, olha,
solto, livre, puro,
tu, limpo...
Então, colhe uma romã
(e se outra não tiveres
tens uma dentro de ti),
e saboreia bem um bago...
Respira e estica os olhos, longe, profundo...
Nesse bago a ti próprio te sentirás, és tu!
Na romã verás um jardim, é o teu mundo!...