José Rodrigues Dias
18/10/2014 22:05

Lugar vago
Vago o teu lugar, vazio
ao lado do meu
mas é o meu coração
sem o teu
que está só
neste tempo de frio
sem o vermelho de luz
desta inacção
sem pinga de sangue
que a mim mesma me mete dó,
exangue…
Neste tempo de sombras
que de luz foi em arco-íris
e de água límpida
corrente,
esta minha dor
agora se fez de ausência
e de parada a água se fez turva
e muda,
demente
de morte,
além só aquele poente
com um último crepitar de luz
em frio de cinza doente…
Que coisa aconteceu,
que diabo de palavra se deu,
que deus o teu
e que deus este meu…,
que diabo nos deu
que o chão…,
que o chão
todo a água o comeu…,
e eu com esta fome de ti,
daquele sabor
de amor,
coração o meu só
que só chora,
que não ri
desde que foste embora,
eu só,
tu como se fosses pó
vagando pelo céu fora…
Olha, onde estás?...,
lembras-te como foi sonhada
e por nós feita
a lavra inteira da terra
nesta água de mel e pão
que nos lavava
quando nos amando
em onda ritmada
nos levava
e agora aqui este tempo de colheita
sem grão...,
eu aqui tão parada
tanto em vão
sem vontade de nada…,
olha, onde estás?...,
que está o teu lugar vago
e este meu coração vazio aqui
tão só e mesmo assim tão cheio de ti,
louca ainda mais louca por ti,
por aí tu agora vagando…,
(onde estás?...),
de mim tu sempre serás,
nós pelas águas pelo vento bolinando
juntos um só seremos
em qualquer lado
venha deus ou o diabo,
o amor ainda o temos
venha deus ou o diabo
um só nos manteremos…