Isabel Mendes Ferreira
27/09/2014 01:59
hei-de ser tua como hoje sou da terra
terei um vestido branco como a neve
uma caixa de música
um colar de nozes
e um olhar de mel.
nessa altura iremos a katmandu
e faremos amor à sombra das cerejas
no recato das igrejas
no mercado da claridade
e tu vais ler-me todos os sonetos
feitos de espuma corais e pedras preciosas.
os mesmos sonetos que inventámos
na polpa dos corpos incendiados.
(in: Um corpo (sub) exposto, 1983, p.39)