José Rodrigues Dias
06/09/2014 01:11

Levo sempre comigo o tempo
em qualquer caminho e a todo o momento,
sempre o levo, nunca esquecido o deixo
(como lá soía dizer-se da capa e da merenda in illo tempore),
muito menos quando o caminho é arriba acesa
quando a subo e mais ainda quando a desço
e se maior o temor do medo
maior a procura dessa mão nessa altura
de uma escorregadela que o chão me tira
e de uma queda que ao chão me leva...
(Todo o homem tem sempre algum medo
em alguma altura de procura)…
Levo sempre o tempo comigo
quando aprendo e quando ensino,
por onde fui quando era e por onde vou,
quando soletro letra a letra e a palavra se fala,
quando tudo terminado por fim tudo se cala,
quando parece que tudo se esquece
e logo depois tudo nítido reaparece,
tudo com o tempo eu partilho
em cada momento do caminho
por onde fui
e por onde vou
onde inteiro só completo sou
com esse meu velho amigo
na aragem da tarde em que agora estou…
Agora, olhos nos olhos, eu sei melhor agora
que ele nas arribas em cada nova aresta viva
enquanto eu paro e descanso ele é uma lima
sem uma só pergunta nem mas nem demora…
Grato tempo!