Maria João Cantinho
04/10/2014 01:55
essa lentidão com que fazes nascer
dos teus dedos
uma areia antiga
uma estrela desgarrada na noite
esse lentíssimo adagio, verso de tempo
anunciando a ruína de um olhar
esse fogo puro
crescendo secreto
aragem dançante na folhagem,
chamando os deuses
e a leveza felina
esse modo de conduzir-nos por atalhos
de montanhas e sombras de álamos
nas margens da água do sonho
essa força que reclama o alto
e o nome de cada ser,
essa luz irrepetível
abrindo os caminhos da manhã
inteira
no som do que é já passado
e ainda não aberto
ao que virá. O que é.