José Rodrigues Dias
27/08/2014 01:15

Nós somos os que por amor fizeste
ab initio
de sementes
feitas no caminho espigas loiras
tua gente,
porque amor é sempre dádiva
de algum modo de olhar
mesmo que recôndito sem pelos olhos se vislumbrar
e de um certo pulsar de coração
paterno ao tempo se dando
fraterno,
o sangue umbilicalmente primeiro
e depois pelas raízes sempre se alimentando,
sublime o chão…
O chão não é relva,
não é grama
onde uma bola sempre rola
e onde meia branca de menino é sempre branca
e sapato preto sempre preto
ou mesmo se curva apertada é caminho
e bola velho trapo,
não,
o chão é onde se semeia
cada imagem e cada palavra
e nasce engenho
e um fio condutor tudo une
em religare interior
e se entende o sentido do mar
e o azul sem cor
transparente
quando o rugido longe já se perde
e o brilho de uma estrela cadente
quando em mar ou terra
por fim se apaga,
até onde o braço do homem o visível abarca
e as ondas navegando com calor as abraça
mesmo ouvindo uma flor a soluçar
e um silêncio na noite chorando…
Esse o chão
da luz
de então…
Nós somos aqueles
de ti
do primeiro instante
até ao último,
ao último do tempo
enquanto o chão
for de imagens e de palavras
e de engenhos nascidos
de amor
e este fio de luz
condutor
de relegere o chão,
sempre com gratidão,
ad aeternum…