Dalila Moura
15/07/2020 21:06
Alargo o olhar
sobre a secura do poço
e remanesce a frescura abandonada.
O silêncio verde da água profunda
o gemer da corda que verte pingos de ausência
na vida que escorre.
As tardes têm o som das cigarras
a música dos grilos
as asas dos pintassilgos a tocar
o rebordo do poço
e a molhar o bico na distância.
Estou ali ao lado, rente à saudade!
Não me demoro. O sol escalda e tenho sede.
Limpo o musgo dos olhos. A boca estremece, sequiosa,
o verão expande-se pelo carreiro.